USO DA FOTOBIOMODULAÇÃO COMO ADJUVANTE NO TRATAMENTO DA NEURALGIA DO TRIGÊMEO: RELATO DE CASO.

Abstract

A neuralgia do trigêmeo (NT) é caracterizada por episódios súbitos, breves e intensos de dor aguda, superficial ou lancinante na região orofacial, afetando um ou mais ramos do nervo trigêmeo, geralmente de forma unilateral. Esses episódios dolorosos podem ser desencadeados por estímulos cotidianos, como mastigação, fala ou escovação dentária, impactando de forma significativa a qualidade de vida do indivíduo. O tratamento convencional medicamentoso baseia-se principalmente no uso de anticonvulsivantes, como a carbamazepina e a oxcarbazepina, atuando no controle da excitabilidade neuronal. Contudo, devido ao risco de efeitos adversos e resposta clínica limitada em alguns casos, terapias complementares têm sido estudadas. Entre elas, destaca-se a fotobiomodulação (FBM), que apresenta capacidade de modular processos inflamatórios, reduzir a dor crônica e favorecer a recuperação neural, sendo considerada uma abordagem segura, não invasiva e bem tolerada pelos pacientes. Diante disso, o presente trabalho relata o caso clínico de um paciente com neuralgia do trigêmeo tratado de forma adjuvante com a fotobiomodulação. Paciente A.O.R.S., 82 anos, sexo masculino, foi encaminhado à clínica odontológica pelo neurologista responsável após diagnóstico de NT. Na avaliação inicial, apresentava dor classificada como grau 10 pela Escala Visual Analógica (EVA), com grande limitação funcional, principalmente para alimentação e fala. Foram realizadas sessões de fotobiomodulação utilizando comprimento de onda infravermelho e energia variando entre 4 J e 9 J, ajustada conforme a intensidade dolorosa relatada em cada atendimento por meio do diário de dor e da EVA. Durante o acompanhamento clínico, observou-se necessidade de ajustes no esquema medicamentoso, sendo a carbamazepina substituída por oxcarbazepina 300 mg pela manhã e pregabalina 75 mg à noite, durante 15 dias. Ao final do protocolo terapêutico, verificou-se evolução satisfatória, com redução significativa da dor e estabilização dos sintomas em grau 1 no período noturno, ausência de crises e melhora funcional, resultando em recuperação importante da qualidade de vida. O paciente permanece em acompanhamento trimestral para monitoramento do quadro clínico e prevenção de possíveis recidivas. Conclui-se que o tratamento associado com fotobiomodulação mostrou-se eficaz no controle da dor e no desmame medicamentoso. A terapia com laser complementou o efeito dos anticonvulsivantes, permitindo redução progressiva das doses até que o paciente se mantivesse sem dor mesmo com esquema farmacológico mínimo. Assim, a fotobiomodulação se apresenta como um recurso terapêutico seguro e promissor no manejo da neuralgia do trigêmeo, contribuindo para melhor qualidade de vida e menor dependência medicamentosa.