O USO DE CORTICOIDE INTRALESIONAL EM LESÃO CENTRAL DE CÉLULAS GIGANTES: RELATO DE CASO

Abstract

A Lesão Central de Células Gigantes (LCCG) é uma patologia incomum, representando menos de 7% das lesões benignas dos maxilares, com etiologia incerta possivelmente associada a traumas. Epidemiologicamente, acomete preferencialmente a mandíbula (proporção 2:1), o sexo feminino e pacientes jovens (menores de 30 anos). Clinicamente, divide-se em formas agressivas e não agressivas. Não agressivas que constituem a maioria dos casos. Estas apresentam poucos ou nenhum sintoma, crescimento lento e, em geral, não provocam perfuração da cortical nem reabsorção radicular. O objetivo do presente trabalho é relatar uso de corticoide intralesional em um paciente atendido na clinica escola de odontologia da unichristus com diagnóstico de lesão central de células gigantes (LCCG). Paciente J.O.M.C., 45 anos, sexo masculino, natural de Fortaleza, apresentou lesão na região posterior da mandíbula direita, relatando apenas um “inchaço” próximo ao dente 47. Clinicamente, observou-se abaulamento quando realizado à palpação. O diagnóstico estabelecido foi de Tumor Central de Células Gigantes, tendo como diagnósticos diferenciais o Granuloma Reparativo de Células Gigantes e o Tumor Marrom. Para excluir o diagnóstico diferencial de tumor marrom, foram solicitados exames de fosfatase alcalina, fósforo, paratormônio e cálcio, cujos valores (53 U/L, 2,5 pg/mL, 12–88 pg/mL, 9,6 pg/mL) estavam dentro da normalidade, descartando hiperparatireoidismo e confirmando o diagnóstico de lesão central de células gigantes (LCCG). O tratamento inicial escolhido foi a aplicação de corticoide intralesional, devido ao grande tamanho da lesão e ao risco de fratura mandibular caso a cirurgia fosse realizada inicialmente. Em 04/03/2024, foi feita a primeira aplicação de triancinolona acetonida (20 mg/mL) associada a lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000, na proporção 1:1, distribuída por toda a área da lesão estimada em 5 cm, seguindo o protocolo de 2 mL de solução por cm³. Conclui-se que o uso de corticoides intralesionais foi uma opção eficaz e conservadora, reduzindo a lesão e estimulando a neoformação óssea, além de diminuir o risco cirúrgico. Contudo, destaca-se a necessidade de novos estudos para padronizar protocolos e confirmar a segurança e previsibilidade dessa terapia a longo prazo.