TRATAMENTO ORTOPÉDICO FUNCIONAL COM PLACA PALATINA DE MEMÓRIA EM BEBÊS COM SÍNDROME DE DOWN: ABORDAGEM COMPARATIVA DE RESULTADOS DE DOIS CASOS CLÍNICOS

Abstract

Crianças com síndrome de Down (SD) possuem diversas manifestações orais que podem ser verificadas desde o nascimento, tais como, a hipotonia de musculatura perioral, selamento labial inadequado e a alteração na postura lingual que podem influenciar no crescimento e no desenvolvimento das estruturas do sistema estomatognático. O uso da Placa Palatina de Memória (PPM) é uma abordagem terapêutica precoce que visa a retração da língua para o interior da cavidade oral melhorando sua postura e, assim, possibilitando um selamento labial adequado e consequentemente melhorando toda a condição de hipotonia e auxiliando no desenvolvimento estomatognático. O presente estudo objetiva relatar uma abordagem comparativa de resultados do tratamento de dois bebês A.J.B.R. sexo feminino, 1 ano e 2 meses de idade, e E.D.S., sexo feminino, 1 ano e 3 meses de idade, com Síndrome de Down utilizando a PPM. Para a confecção das PPMs foram adotadas abordagens distintas. Para a paciente A.J.B.R., utilizou-se o método convencional, no qual o alginato foi empregado para a confecção da moldeira individual. Já a paciente E.D.S. teve seu modelo confeccionado através do fluxo digital com a utilização do scanner intraoral, onde os modelos são impressos em impressora 3D. Após a obtenção dos modelos, as placas foram confeccionadas em resina acrílica, onde foi realizada a combinação da placa com um parafuso expansor metálico no centro para acompanhar o crescimento da maxila e possibilitar ajustes, se necessário. Aos 4 meses de tratamento a paciente A.J.B.R, precisou interromper a utilização da PPM por três meses devido internação hospitalar. Após retorno para instalação da nova PPM, foram percebidas algumas perdas nos avanços realizados por tratar-se de uma longa pausa, porém, 1 mês depois da retomada terapêutica, já era possível notar progressos, como melhora do tônus orofacial. Já a paciente E.D.S. em que não houve descontinuidade no tratamento, os avanços continuaram mostrando resultados positivos após 8 meses de uso, trazendo benefícios tanto quanto a hipotonia oral quanto a postura de língua, associada a uma abordagem multidisciplinar de estimulação orofacial. A participação ativa da família e a regularidade do acompanhamento foram fatores determinantes para o sucesso terapêutico, garantindo a manutenção do estímulo proprioceptivo e o acompanhamento do crescimento craniofacial. Assim, a PPM confirma-se como um recurso acessível, adaptável e eficaz, capaz de promover benefícios funcionais e favorecer o desenvolvimento global de bebês com Síndrome de Down quando associada a uma abordagem multidisciplinar.