Performatividade de gênero e corpo em mulheres homoeróticas

Abstract

O objetivo desta pesquisa foi compreender como a performatividade de gênero atravessa a construção da imagem corporal de mulheres que se relacionam com outras mulheres. Percebemos e somos percebidos através de nossos corpos e estamos constantemente estabelecendo figurações e associações mentais a partir de ideais e pressões que esculpem as características que são mais desejáveis à sociedade. Historicamente, a performance dos corpos femininos tem sido alvo de maior controle através de uma lente masculina. Considerando que as produções acadêmicas refletem, predominantemente, a realidade de mulheres heterossexuais, há a tese de que, para algumas mulheres, ter atração sexual e se relacionar com outras mulheres possa ser um fator protetivo para a auto-objetificação. Para tanto, o método utilizado foi uma revisão narrativa de literatura, onde foram analisados 12 artigos a partir da análise de conteúdo de Bardin. Os artigos demonstraram que o ser mulher é um processo, que requer atos e performances constantes para cumprir com as demandas estéticas e sociais que cercam essa identidade. Verificou-se que a sexualidade e expressão de gênero também possuem um aspecto performativo, estando sujeitos a pressões e reproduzindo, dentro da própria comunidade LGBTQIA+, normas, expectativas e suposições sobre o masculino e o feminino. Apesar disso, essa comunidade se apresenta mais receptiva de diversidades e se configura como um dos diversos fatores protetivos para a imagem corporal de mulheres homoeróticas, estando elas menos vulneráveis às demandas estéticas impostas pelo olhar masculino. Desse modo, para concluir, o acesso a discursos alternativos e diversificados, bem como a construção de trabalhos e discussões acadêmicas que tragam visibilidade a esses temas e recortes minoritários, exercem um papel importante na desestabilização de visões cristalizadas do que é aceito.