Estabilidade de cor e rugosidade de superfície de cerâmica e compósito CAD/CAM após imersão em bebidas e escovação

Abstract

Introdução: O surgimento dos compósitos usados na tecnologia CAD/CAM requer estudos aprofundados de suas propriedades físicas e mecânicas, bem como de seu desempenho sob condições orais, incluindo erosão/abrasão e manchamento. Objetivo: Avaliar in vitro os efeitos de soluções alimentares, associadas ou não a escovação, na rugosidade de superfície e estabilidade de cor de uma vitrocerâmica reforçada de leucita (IPS Empress® CAD) e de um compósito de cadeias cruzadas de dimetacrilato com carga inorgânica (Tetric® CAD), ambos utilizados na confecção de próteses por meio da tecnologia CAD/CAM. Métodos: Amostras da porcelana e compósito (40 unidades, cada) foram distribuídas, aleatoriamente, de acordo com as soluções de imersão (n = 8): 1) Café; 2) Chá preto; 3) Refrigerante de cola; 4) Vinho tinto; 5) Água destilada. Os parâmetros rugosidade de superfície (Ra) e estabilidade de cor (ΔE) foram avaliados antes (T1) e após imersão (T2). Em seguida, as amostras seguiram para o ensaio de escovação, sendo os parâmetros novamente analisados (T3). Imersão e escovação simularam um período clínico de 5 anos. Para a análise dos dados, foi considerada a variação encontrada entre T2 – T1 (Δ1), e a variação T3-T1 (Δ2). Os dados foram expressos em forma de média e desvio-padrão, submetidos ao teste de normalidade Shapiro-Wilk e comparados por meio do teste ANOVA-3-way seguido do pós teste Bonferroni (p<0,05). Resultados: Na análise do ΔE, observamos que todas as variáveis estudadas na pesquisa tiveram significância estatística, onde o compósito apresentou maiores alterações de cor que a porcelana (p<0,001) e a solução vinho tinto foi a que mais promoveu alterações de cor, seguido de chá e café (p<0,001). As maiores alterações de cor foram observadas em Δ1, demonstrando que a escovação foi capaz de remover parte dos pigmentos. Na análise da Ra, foi verificado que apenas a variável tempo foi determinante estatisticamente (p=0,029), demonstrando que a variação advém principalmente da escovação. O material (porcelana ou compósito) e a substância de imersão não trouxeram grande impactos nesta análise, demostrando que a escovação foi o maior responsável pela alteração da rugosidade. Conclusão: A escovação após a imersão aumentou a rugosidade de superfície dos materiais, sendo mais significativa para as amostras de compósito previamente imersas em chá preto e vinho tinto. Chá preto alterou a cor do compósito e da porcelana além do limite de perceptibilidade, mesmo após escovação, fato também observado nas amostras de compósito imersas em vinho tinto.