VIABILIDADE DO USO DA MEMBRANA À BASE DE COLÁGENO DA PELE DE TILÁPIA DO NILO COMO BARREIRA BIOLÓGICA NO REPARO DE ALVÉOLOS DE RATOS PÓS-EXODONTIA

Abstract

A reabsorção do processo alveolar após a extração dentaria é um processo fisiológico comum, sendo uma condição progressiva e irreversível, que pode ser minimizada com técnicas de regeneração óssea/tecidual guiada. Novos estudos buscam materiais biológicos como alternativa de baixo custo às membranas, onde a pele da Tilápia do Nilo surge como uma possibilidade, devido às suas características microscópicas semelhantes à estrutura morfológica da pele humana. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo, verificar a viabilidade da aplicação da pele da Tilápia do Nilo como membrana biológica em alvéolos dentários de ratos pós-exodontia. Para isto, foram utilizados 60 ratos Wistar, divididos aleatoriamente em três grupos: controle negativo, onde não foi utilizado nenhum meio de barreira no alvéolo pós-extração; controle positivo, onde foi utilizada uma membrana de colágeno reabsorvível (Geistlich Bio-Gide®) sobre o alvéolo; grupo experimental, onde foi utilizada a pele da Tilápia do Nilo como barreira biológica. Cada grupo foi subdividido em dois tempos de sacrifício pós-extração, 12 e 24 dias. Para análise imaginológica, foi realizada tomografia computadorizada de feixe cônico em cada maxila, sendo selecionados cortes transversais centrais em cada um dos 5 alvéolos do dente extraído. Foram realizadas duas medidas verticais, sendo uma do fundo do alvéolo à margem óssea proximal, e outra do fundo do alvéolo à superfície do osso neoformado. A análise histológica pesquisou a composição celular presente na amostra, além da categorização quanto à presença de infiltrado inflamatório (ausente, discreto ou denso), assim como da classificação quanto à cicatrização óssea (ausente, parcial ou total). A análise estatística se deu com os dados expressos em forma de média e erro padrão da média, submetidos ao teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e comparados entre si por meio dos testes t de Student (análise intra grupo) ou ANOVA/Bonferroni (análise entre grupos). Todas as análises foram realizadas adotando uma confiança de 95% no software GraphPad Prism 5.0. Como resultados, de 12 para 24 dias após a exodontia, o grupo controle negativo (51.51±5.06 para 66.77±4.23%, p=0,025), o controle positivo (64.17±3.98 para 78.11±2.05%, p=0,001) e o grupo experimental (52.03±2.28 para 61.50±3.01%, p=0.016) mostraram aumento significativo do percentual de neoformação óssea alveolar. Tanto após 12 dias (p=0,042) como após 24 dias (p<0,001) o grupo controle positivo apresentou maior percentual de neoformação óssea quando comparado aos grupos controle negativo e experimental. A variação de neoformação óssea alveolar de 12 para 24 dias foi significantemente menor no grupo controle negativo (+27.24 ± 2.13%) comparado com os grupos controle positivo (+46.36 ± 2.03%) e com o grupo experimental (+39.33 ± 1.39%). A variação da presença (diminuição) de infiltrado inflamatório de 12 para 24 dias foi estatisticamente significante nos grupos controle negativo (p=0,042) e controle positivo (p=0,001), não sendo estatisticamente significante no grupo experimental (p=0,245). A variação de cicatrização óssea de 12 para 24 dias foi estatisticamente significante nos grupos controle negativo (p=0,006) e positivo (p=0,12). Porém, não se mostrou significante no grupo experimental (p=0,206). Diante do que foi observado, concluiu-se que a membrana a base de colágeno da pele da tilápia se mostrou eficaz como uma barreira biológica recobrindo os alvéolos de ratos pós-exodontia. Suas características permitiram sua utilização cirúrgica, com resultados superiores quando comparados com a situação de não recobrimento. Novos estudos devem ser realizados com amostras maiores e envolvendo outras técnicas como instalação de implantes e enxerto ósseo associados às membranas.