Atividade antimicrobiana de nanopartículas de zéina carregadas com ácido anacárdico em biofilme de staphylococcus aureus em cateter de hemodiálise

Abstract

As infecções relacionadas a cateter de diálise variam de 1,1 a 5,5 episódios por 1000 dias do acesso, sendo Staphylococcus aureus o agente causador mais comum destas infecções. O ácido anacárdico (AA) é um lipídio fenólico extraído do óleo da casca da castanha de caju, que já demonstrou ação antimicrobiana contra bactérias gram-positivas. A zeína é a maior proteína de armazenamento do milho (Zea mays L.) e suas nanopartículas têm sido descritas como superiores a diversas outras para carreamento de drogas lipofílicas e nutrientes. O objetivo deste estudo foi analisar a ação antimicrobiana de uma solução de nanopartículas de zeína carregadas com ácido anacárdico impregnadas em cateteres de poliuretano frente à S. aureus, in vitro. O estudo foi divido em 2 partes: a primeira analisou a formação do halo de inibição utilizando cateteres previamente imersos com nanopartículas de zeína carregadas com AA em placas de cultura bacteriana de S. aureus (ATCC 25923) ao longo de 6 dias. O segundo analisou a ação antimicrobiana do AA em biofilmes. Foram testados 4 grupos: 1) solução hidroetanólica 35%; 2) nanopartículas de zeína não carregadas com ácido anacárdico; 3) nanopartícula de zeína carregadas com ácido anacárdico (9,337 μg/mL); e 4) grupo controle positivo (Vancomicina 2,5 mg/mL). Os dados foram expressos em médias e desvios-padrões. Foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, e realizado o teste ANOVA seguido de Tukey. Os dados dos experimentos em biofilme foram expressos em UFC/mL e transformados para logaritmo na base 10. Como resultado do halo de inibição não houve diferença estatística entre o grupo AA e Vancomicina, ambos demonstrando halos de inibição acima de 10 mm. Na análise da atividade antimicrobiana na inibição da formação de biofilmes, apenas o grupo Vancomicina foi diferente dos demais grupos, com uma redução estatisticamente significante (p<0,0001). Concluímos que o ácido anacárdico incorporado em nanopartículas de zeína apresenta atividade antimicrobiana frente à S. aureus, e que cateteres impregnados com esta solução apresentaram retenção de suas propriedades antimicrobianas. Entretanto, o mesmo efeito não foi observado em biofilmes de S. aureus formados em cateteres de poliuretano.