PERFIL CLÍNICO-PATOLÓGICO DE CÂNCERES DE CABEÇA E PESCOÇO NÃO CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS: UM ESTUDO RETROSPECTIVO DE 20 ANOS DE FOLLOW UP

Abstract

Introdução: O Carcinoma de Células Escamosas (CEC) de cabeça e pescoço representa o principal tipo histológico e o sexto câncer mais comum no mundo. No entanto, outros tumores não-CEC podem acometer a cavidade oral, a exemplo os carcinomas de glândulas salivares, os linfomas e os sarcomas. Objetivo: Descrever o perfil clínico-patológico desses cânceres em uma instituição de referência em tratamento de câncer em um período de 20 anos. Materiais e métodos: Um estudo quantitativo, retrospectivo, observacional e de corte transversal, no qual foram analisados 395 prontuários de pacientes diagnosticados/tratados com tumores de cabeça e pescoço não-CEC, no Hospital Haroldo Juaçaba/Instituto do Câncer do Ceará (HHJ/ICC). Os dados foram comparados por meio do teste qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher, construídas curvas de sobrevida global de Kaplan-Meier e utilizado teste de Log- Rank Mantel-Cox. Resultados: Os tumores de glândulas salivares (1st = Carcinoma Adenoide Cístico), seguidos dos sarcomas (1st = Sarcoma de Kaposi) e tumores linfoproliferativos (1st = Linfoma de células grandes B difuso) foram os mais incidentes. A maior parte da amostra era mulheres, com idade média 56 anos e baixa escolaridade. A sobrevida global mediana foi (IC95% = 57.29-101.71) meses, sem diferença entre os grupos de lesões (p=0,727). Os tumores de glândulas salivares e sarcomas acometeram faixas etárias significativamente menores (p=0,011). A maior parte da amostra foi N0 (p=0,006) e terapia multimodal foi a escolha preferencial, especialmente para tumores de glândulas salivares, sarcomas e melanomas (p<0,001). A escolaridade (p=0,007) foi inversamente associada à sobrevida global e o preditor independente de óbito foi a presenta de linfonodal (p=0,039). Conclusão: A frequência de tumores não-CEC de cabeça e pescoço é muito baixa. Não existe diferença entre homens e mulheres, a idade é um fator determinante para diferir os tumores e a metástase linfonodal é o principal fator preditivo de sobrevida. Além disso, a escolaridade é um importante fator de risco para a mortalidade desses pacientes.