Avaliação Microbiológica da Superfície de Infiltrante Resinoso Submetido a Diferentes Sistemas de Polimento

Abstract

Infiltrantes de resina são biomateriais capazes de tratar a cárie de esmalte em estágios iniciais, sendo hábil em penetrar nas estruturas dos capilares do corpo da lesão. Apresenta índice de refração semelhante ao esmalte saudável podendo equilibrar a diferença na refração da luz e aproximar a aparência da lesão de mancha branca infiltrada à do esmalte saudável adjacente. Contudo alta rugosidade de superfície é observada após sua aplicação, podendo aumentar o acúmulo de biofilme dental e assim comprometer a longevidade. Um polimento à superfície do material infiltrante (Icon®) pode auxiliar no controle da adesão do biofilme à superfície do material, evitando a reincidência de lesões cariosas ou a progressão das mesmas. Deste modo, o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito de diferentes sistemas de polimentos ao infiltrante em relação à rugosidade e adesão microbiana. Para isso, experimento in vitro seguido por um modelo in situ para formação de biofilme foi realizado. Na fase in vitro, lesões cariosas artificiais foram produzidas em espécimes de esmalte bovino (4x4x2mm) através do protocolo de ciclagem desmineralização-remineralização. Posteriormente os espécimes foram tratados com o infiltrante e aleatoriamente divididos nos seguintes grupos (n=15): sem polimento (SP), polimento com discos flexíveis de óxido de alumínio (PDOA), pontas siliconadas de carbeto de silício (PSCS), tiras de poliéster de carbeto de silício (PCS) e escova de carbeto de silício (PECS). Nesta etapa, os espécimes foram analisados quanto à rugosidade de superfície. No estudo in situ, 15 voluntários utilizaram dispositivos intraorais por 14 dias, induzindo o acúmulo de biofilme por meio de gotejamento de solução de sacarose 8x/dia. O biofilme formado foi removido e analisado com relacão à contagem de Streptococcus mutans, Lactobacillus ssp e Microorganismos totais. Após coleta de todos os dados, inicialmente o teste Shapiro Wilks foi realizado, os dados de rugosidade foram analisados por teste Kruskal Wallis, mostrando que há efeito do tipo de polimento sobre o padrão de rugosidade (p=0,001). A comparação entre os pares mostraram diferença estatística entre controle e PDOA (p<0,001) e entre controle e PCS (p=0,040). Na análise microbiológica, foi realizado ANOVA seguido de Tukey. Na contagem de Streptococcus mutans e Lactobacillus ssp, não houve diferença estatística (p= 0,35 e p= 0,058, respectivamente). Contudo, nos Microorganismos totais houve diferença estatística (p=0,044). PDOA apresentou menor crescimento de Microorganismos totais em relação ao grupo que foi utilizado PECS (p= 0,037). Os padrões de polimento com PDOA e PCS de resina apresentaram menor rugosidade de superfície, contudo a maior lisura proporcionada por esses materiais não reduziu a adesão de Streptococcus mutans, Lactobacillus ssp em comparação ao controle e aos outros polimentos sobre a superfície do infiltrante de resina. Assim o infiltrante resinoso apresentou rugosidade de superfície diminuída dependendo do sistema de polimento utilizado, contudo a menor rugosidade alcançada pelos sistemas PDOA e PCS não foi suficiente para ter uma redução significativa da adesão microbiana.