Atividade antimicrobiana de nanopartículas de zéina carregadas com ácido anacárdico em biofilme de staphylococcus aureus em lentes de contato

Abstract

O sentido da visão se mostra muito importante para as atividades cotidianas, de forma pessoal ou profissional, e qualquer alteração que cause baixa visual ou até mesmo a cegueira decorre em prejuízo social e econômico, tanto em um âmbito individual como coletivo. As causas mais prevalentes de baixa visual são os erros refracionais: miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia. Os erros refracionais podem ser corrigidos com óculos, lentes de contato ou com cirurgias refrativas. Apesar do advento das cirurgias refrativas nos últimos anos, o uso de lentes de contato ainda se mostra crescente, por serem uma opção prática, confortável e de baixo custo para corrigir as ametropias. Apesar da praticidade, existem alguns riscos que vão desde simples desconfortos até uma possível ceratite infecciosa. Como forma de evitar essas complicações infecciosas potencialmente graves, são usadas substâncias desinfetantes com ação bactericida para higienização das lentes de contato. E diante do desenvolvimento de resistência bacteriana, faz-se necessário a ponderação de novos ativos com esse mesmo propósito. O objetivo desse estudo foi avaliar a ação antimicrobiana de nanopartículas de zeína carregadas com ácido anacárdico, extraído da casca da castanha de caju, em biofilmes de Staphylococcus aureus. Os experimentos foram conduzidos em triplicata. Biofilmes de S. aureus foram formados em lentes de contato e em fundo de placa de cultura de células de 24 poços. Os seguintes grupos foram testados: 1) Salina – Solução de NaCl 0,89%; 2) Nano – Nanopartículas de zeína não carregadas com ácido anacárdico; 3) Nano + AA - Nanopartículas de zeína não carregadas com ácido anacárdico; 4) Renu - solução desinfetante Renu®. A cada 24h de formação, os biofilmes foram submetidos à imersão por 30 min nas soluções descritas anteriormente. Após 48h, o biofilme foi coletado, diluído e plaqueado. As placas foram incubadas por 24h em estufa bacteriológica a 37oC. Após esse período, foi realizada a contagem de unidades formadoras de colônia/mL (UFC/mL). Os resultados dos ensaios microbiológicos foram transformados para logaritmo na base dez e foram calculadas as médias e desvios-padrões de cada grupo. Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de D’Agostino & Pearson e então realizado o teste ANOVA seguido de pós-teste Tukey (nível de significância 5%). Como resultados, observou-se no experimento em lentes de contato que o grupo Nano + AA apresentou o menor número de UFC/mL (3,90±2,40), sendo diferente estatisticamente do grupo Salina (6,80±0,50) e do grupo Renu (7,36±0,34). No experimento em fundo de placa, foi verificada a ausência de UFC/mL no grupo Grupo Nano+AA. Conclui-se que a formulação a base de nanopartículas de zeína carregadas com ácido anacárdico apresenta potencial efeito antimicrobiano em biofilmes de S. aureus formados em lentes de contato e em placa de cultura.