Relação entre o gênero do auditor e a qualidade da auditoria das firmas Big Four

Abstract

A qualidade da auditoria pode ser definida como a capacidade do auditor perceber e relatar uma anomalia nos demonstrativos contábeis do cliente, através do processo de execução da auditoria. Levando em consideração tal circunstância, a literatura defende que existem determinados atributos individuais do auditor relacionados ao gênero que venham a influenciar na qualidade da auditoria. Com base nessa premissa, o presente trabalho tem como objetivo analisar a relação entre o gênero do auditor e a qualidade da auditoria das firmas Big Four. Para atingir esse objetivo o trabalho foi desenvolvido através de pesquisa descritiva, quantitativa e documental, fazendo o uso da regressão linear múltipla com dados em painel. A amostra é composta pelas empresas listadas na B3, que tiveram suas demonstrações contábeis auditadas pelas firmas Big Four, entre os anos de 2015 a 2019. Para mensuração da qualidade de auditoria, foram utilizados os accruals discricionários, baseado no modelo de Kothari, Leone e Wasley (2005). Além disso, foram utilizadas as seguintes variáveis com base em estudos anteriores, a saber: gênero, prejuízo, tamanho, alavancagem financeira, rentabilidade e tipo de opinião de auditoria. Os resultados apontam que as variáveis gênero (GEN), tamanho (TAM) e rentabilidade (ROA), tiveram relação estatisticamente significantes aos níveis de 1% e 5% com a qualidade da auditoria nas firmas de auditoria Big Four. Entretanto as variáveis prejuízo (PREJ), alavancagem financeira (LEV) e Tipo de relatório de auditoria (TRA), não tiveram resultados significativos com a qualidade da auditoria nas firmas de auditoria Big Four. Além disso, os achados mostram que auditores do gênero feminino são menos suscetíveis a emitir uma opinião modificada. Os resultados indicam que existem determinados setores econômicos, onde há uma maior presença de auditoras, tal fato corrobora com o que na literatura é chamado de Pink-Collar Work. Além disso, constatou-se que a firma Ernst young (EY), possui a maior representatividade de auditores do gênero feminino, como chefe de auditoria entre as demais firmas denominadas Big Four. O estudo contribui para a literatura ao fornecer novos insights sobre os auditores e a influência do gênero na qualidade da auditoria.