O papel do letramento na construção da subjetividade

Abstract

O seguinte estudo se debruça diante da temática letramento e construção da subjetividade, sobre os quais se propõe a descrever. Para tanto, o artigo desenvolve uma narrativa que se propõe a contextualizar em que “lugar” o Brasil está no tocante ao nível de alfabetização, quais as possíveis implicações disso, abrindo uma discussão de modo a ampliar reflexão acerca da paralela: quais os pontos de distanciamento e de afinidades entre a alfabetização e o letramento. Elas além de se atravessarem, possuem papéis relevantes na construção dos sujeitos e da sociedade, porque são, entre tantas outras coisas, transmissoras de bens culturais. A partir de tais pressupostos há, também, preocupação no que concerne aos sujeitos não-letrados vivendo em uma sociedade letrada. O objetivo geral é analisar qual o papel do letramento na construção da subjetividade; A fim de alcançá-lo, procurou-se caracterizar o processo e as etapas do letramento; analisar as etapas da construção das Funções Psicológicas Superiores (FPS) e enunciar o conceito de subjetividade. Trata-se de um artigo em que fora utilizada a revisão integrativa da literatura como método, cujos produtos apontaram para oito artigos que coadunam entre si. Conforme os resultados, o letramento é compreendido como necessariamente contínuo, por não dizer respeito apenas a uma atividade de decifrar códigos. No letramento, as palavras ganham engajamento de tal atuação nos contextos sociais onde é construído e ganha tônus para mediar a construção das FPS (atenção, percepção, memória, vontade e conceitos). A partir destas construções dialógicas e dialéticas, o sujeito é capaz de “ler” o mundo e perante dele ter criticidade, porque apreende concepções que não são passíveis de construção individual. Outrossim, há um salto qualitativo, estruturação do pensamento e consciência. Entretanto, a ausência da alfabetização não representa uma negativa diante do fato de não ser apresentada como possibilidade que o indivíduo ao viver em uma sociedade letrada apresente grau zero de letramento. Apesar dos aspectos danosos, que existem e não devem ser negligenciados, o teor ativo das configurações subjetivas individuais encontram eco nas multifacetadas vertentes do letramento, vide os repentistas analfabetos.