Desenvolvimento e validação de simulador e metodologia de ensino em cricotireoidostomia

Abstract

A cricotireoidostomia é um procedimento pouco realizado, porém desafiador devido a pouca prática associada a necessidade de realizá-lo de modo rápido e seguro. O presente estudo teve por objetivo desenvolver um simulador de fácil replicação, e validar o simulador e a metodologia de ensino da simulação. Foi desenvolvido um simulador em impressora 3D baseado em partes anatômicas reais, associado aos mecanismos de simulador de cricotireoidostomia já existente, a fim de tornar a simulação mais realística. A simulação foi aplicada a dois grupos distintos, sendo um composto por cirurgiões torácicos (CT) e outro composto por médicos não torácicos (NT) do hospital Dr Carlos Alberto Studart Gomes, sendo o simulador ao final avaliado pelos participantes. Cada prática dos participantes foi gravada a avaliação da simulação nos quesitos de tempo, erros de avaliação e feedback de performance, sendo realizados por meio do OSATS (Objective Structure Assessment of Technical Skill). Os vídeos foram avaliados por dois especialistas e os resultados foram submetidos a análise estatística. RESULTADOS: A avaliação do tempo ao longo das etapas foi diferente entre os grupos CT e NT com significância estatística, com o grupo CT apresentando melhor desempenho. Ao avaliar a médias dos dois avaliadores percebeu-se uma melhora progressiva entre os 4 momentos de avaliação do grupo CT e do grupo NT com p <0,05. Em relação as médias dos erros dos dois avaliadores foi encontrado uma redução gradual dos erros com o decorrer dos procedimentos, com o grupo CT apresentando sempre uma média menor comparado ao grupo NT. A análise dos dados revelou que 100% dos participantes avaliaram o simulador como ótimo ou excelente nos quesitos aparência visual, tal quesito estabelece um realismo visual ao simulador, validando o face validity. Ao comparar a progressão dos dois grupos houve um aumento da diferença das médias expressiva entre as fases E1 e E2, com uma pequena redução da diferença entre as fases E2 e E3, e uma redução mais significativa da diferença entre as fases E3 e E4, com melhora das médias ao final dos procedimentos apresentando relevância estatística. A aproximação ao final entre os dois grupos permite supor que o simulador em conjunto com a metodologia de ensino tem a capacidade de aproximar as habilidades de grupos menos experientes com grupos mais experientes, sendo útil para o ensino da técnica.