INFLUÊNCIA DO USO DE METFORMINA EM PARÂMETROS ÓSSEOS MANDIBULARES RELACIONADOS À DENSIDADE ÓSSEA: ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVO

Abstract

O diabetes mellitus (DM) é caracterizado por hiperglicemia crônica, causado pela insuficiência completa ou parcial da secreção e/ou ação da insulina, sendo o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) a forma mais comum, representando 90% a 95% de todos os pacientes diabéticos. Para o tratamento da DM2 a metformina é a terapia de primeira linha, devido aos seus fortes efeitos redutores da glicose, perfil de segurança bem estabelecido e possuir baixo custo. Além disso, alguns estudos sugerem que essa droga pode prevenir a perda óssea. Logo esse estudo teve o objetivo de avaliar a influência do tratamento com metformina em parâmetros ósseos mandibulares relacionados à densidade óssea. Para isso, foi feito um estudo de coorte retrospectivo no qual foram analisadas e medidas radiografias de pacientes que fazem uso da metformina, comparando com pacientes que não utilizam a droga, na proporção de 2:1 (60 não expostos e 30 expostos), pareadas por sexo e idade. Foram avaliados os seguintes índices mandibulares direito e esquerdo: (A) Altura do córtex mandibular; (SB) Altura da margem superior do forame mentual à margem inferior da mandíbula; (IB) Altura da margem inferior do forame mentual à margem inferior da mandíbula; (C) Altura do centro do forame mentoniano até a margem inferior da mandíbula; (D) Altura da crista óssea até a margem inferior da mandíbula; (s-PMI) Índice mandibular panorâmico superior – razão entre A e SB; (i-PMI) Índice mandibular panorâmico inferior – razão entre A e IB; (ABR) Índice de reabsorção óssea alveolar – relação entre D e C. Os dados foram comparados por meio dos testes t de Student e correlação de Pearson (SPSS v20.0), adotando uma confiança de 95%. A metformina mostrou estar associada a diferenças significativas nas medidas radiomorfométricas, resultando em uma menor medida tanto no lado esquerdo (p=0,041) quanto na média dos lados (p=0,048). Quando os pacientes foram categorizados por idade, os do grupo metformina entre 41-60 apresentaram aumento das medidas i-PMI (p=0,015) e s=PMI (p=0,029) do lado direito e da média dos lados direito e esquerdo da medida i-PMI (p=0,030). As mulheres apresentaram melhorias estatisticamente significativas em comparação com os homens, nas medidas do lado esquerdo (p=0,044) e também na média dos lados direito e esquerdo (p=0,032) demonstrando a importância de considerar fatores como o gênero e idade. Em pacientes com molares inferiores ausentes, as proporções foram significativamente maiores entre usuários de metformina nas medidas i-PMI (p=0,016) e s-PMI (p=0,049), indicando uma relação entre a ausência dentária e os efeitos do medicamento. Ademais, houve correlação significativa inversa entre a média dos lados direito e esquerdo da medida ABR e o tempo de uso de metformina (p=0.026, r=0.466), esquerdo (p=0.005, r=-0.646) e média dos lados direito e esquerdo (p=0.006, r=0.632). Entre 20-40 anos de idade, houve correlação entre o tempo de uso de metformina e a medida IB (p=0.037, r=-0.901) e i-PMI (p=0.044, r=0.888). Portanto, além de seu papel no controle glicêmico, a metformina pode ter implicações na proteção óssea, entretanto mais pesquisas são necessárias.