Avaliação da autorregulação da aprendizagem e do processo de estudo de discentes de um curso de medicina e sua associação com o rendimento acadêmico

Abstract

A aprendizagem autorregulada e as competências de estudo são reconhecidas como fatores determinantes no desempenho acadêmico, tornando o ensino de estratégias de aprendizagem essencial no ensino superior. Este estudo teve como objetivo avaliar os processos de estudo e a autorregulação da aprendizagem de estudantes de Medicina em Fortaleza, Ceará. Trata-se de um estudo transversal, de abordagem quantitativa, realizado com discentes do primeiro ao oitavo semestre de uma instituição privada. Foram aplicados questionário sociodemográfico, Inventário de Autorregulação da Aprendizagem, Inventário de Processos de Estudo e avaliação de hábitos de estudo. Os dados foram organizados no Microsoft Excel e analisados no SPSS versão 23.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, USA), utilizando-se os testes qui-quadrado e exato de Fisher, além do coeficiente de correlação de Spearman. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Christus (parecer nº 5.917.592, CAAE 66907623.1.0000.5049). A maioria dos participantes era do sexo feminino, solteira, com média de idade de 24,2 ± 5,7 anos, residente com os pais, sem filhos, sem graduação prévia e não atuava profissionalmente além do curso. Os principais recursos de estudo utilizados foram slides de aula, resumos e estudo individual em casa, com uso frequente da internet. Os resultados evidenciaram que os estudantes apresentaram bom nível de autorregulação, com maior eficácia no planejamento, especialmente em gestão do tempo, definição de metas e escolha de métodos de estudo. As dimensões execução e avaliação obtiveram escores mais baixos. O desempenho acadêmico (IRA) correlacionou-se positivamente com a planificação, de forma fraca com a execução e não apresentou correlação com a avaliação. Estudantes de semestres mais avançados alcançaram maiores escores em planejamento, com diferenças também observadas segundo sexo e faixa etária. Conclui-se que estratégias pedagógicas voltadas ao fortalecimento das dimensões de execução e avaliação podem potencializar o desempenho acadêmico. Abordagens personalizadas que promovam aprendizagem mais profunda e desenvolvam a autorregulação contribuem para a autonomia e corresponsabilização dos estudantes em seu processo formativo.